Crise de imigração: Mais 3 mil resgatados na Líbia e 'invasão' de macedônios
na Grécia
BBC BRASIL.com
A crise da imigração tem se acentuado cada vez mais na Europa. Em uma nova
operação de resgate de imigrantes ilegais que tentam chegar ao continente pelo
Mar Mediterrâneo, mais 3 mil pessoas foram encontradas na travessia próximo à
costa da Líbia.
Na Grécia, milhares de imigrantes macedônios conseguiram entrar na fronteira
com o país enfrentando a polícia local em um confronto que teve bombas de
granada lançadas para tentar impedir as pessoas de avançar.
Imigrantes macedônios amontoados em condições precárias na fronteira
grega
O número de imigrantes - a maioria deles refugiados da guerra na Síria -
tentando sair daquela região aumentou nos últimos dias, desde que a Macedônia
fechou sua fronteira no sul e declarou estado de emergência.
Enquanto isso, no Mar Mediterrâneo, cada vez mais imigrantes viajando em
condições precárias com traficantes de pessoas têm sido resgatadas pela guarda
costeira italiana.
Líbia
Na costa da Líbia, o resgate dos imigrantes aconteceu após uma mega operação
na região. Segundo informações da guarda italiana, que comandou a operação,
foram 18 embarcações – 14 botes de borracha e outros 4 barcos.
Pelo menos 1,2 mil pessoas foram resgatadas de cinco das embarcações em
uma das maiores operações recentes na região.
O caminho da Líbia para a Itália é um dos que mais tem imigrantes
tentando entrar ilegalmente na Europa. Dos 264.500 imigrandes que, segundo a
ONU, cruzaram o Mediterrâneo neste ano, perto de 104 mil desembarcaram na Itália.
Outros 160 mil chegaram à Europa pela Grécia.
Dois navios italianos e vários outros botes estão envolvidos nessa mega
operação de resgate que começou neste sábado. O navio norueguês Siem Pilot foi
liberado pela missão de patrulha da Europa e também está colaborando nas buscas.
Ele chegou a resgatar 320 pessoas neste sábado antes de ser desviado para outra
emergência.
Na última semana, outras 300 pessoas foram resgatadas de um barco no Mediterrâneo,
mas 49 foram encontradas mortas aparentemente por terem inalado vapores de combustível.
Enquanto isso, policiais nas cidades de Palermo e da Sicília prenderam
seis egípcios suspeitos de estarem envolvidos com tráfico de pessoas depois de
um resgate no dia 19 de agosto.
O barco estava carregando 432 pessoas – mais de 10 vezes da capacidade
dele. Alguns que estavam à bordo disseram que tiveram de pagar para os traficantes
de pessoas para poderem subir do porão para conseguir respirar, segundo relatos
à AFP.
Macedonia
Milhares de imigrantes macedônios conseguiram vencer as forças policias
na fronteira com a Grécia para conseguir dar entrada no país europeu.
A maioria deles quer chegar ao norte da Europa pela Hungria.
As forças de segurança da Macedônia planejavam deixar centenas de imigrantes
entrarem na fronteira com a Grécia em certo momento neste sábado para coincidir
com os horários de saída dos trens para a Sérvia e o resto da Europa. Mas
muitos deles forçaram a entrada antes disso, enquanto outros corriam da
multidão. Algumas pessoas ficaram feridas conforma a polícia foi bloqueando o
caminho dos imigrantes.
A tentativa dos macedônios de entrar na fronteira com os gregos já se
estende por dias. Muitos acabaram presos ali pelos policiais. Na sexta-feira, alguns
foram espancados com cassetetes e escudos ao tentarem cruzar o limite do país.
Vários imigrantes acabaram passando a noite ali - até mesmo crianças - e só
alguns conseguiram entrar e pegar o trem para o norte europeu.
Enquanto isso, a agência de refugiados da ONU, UNHCR, já expressou preocupação
com os "milhares de refugiados vulneráveis, especialmente mulheres e
crianças, agora massacrados no lado grego da fronteira em condições precárias."
A organização pediu à Macedônia para "estabelecer uma gestão
ordenada e sensível à proteção das suas fronteiras".
O Ministro das Relações Exteriores da Macedônia, Nikola Poposki, disse à
BBC que a situação "piorou dramaticamente".
"Nos últimos dias, houve um aumento no fluxo de imigrantes, que
chegaram a cerca de 3 mil ou 3,5 mil por dia, o que é obviamente algo muito
difícil de controlar no dia a dia para um país de 2 milhões de pessoas e que
tem poucos recursos", disse.
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