Marcha
das Lésbicas reivindica fim da violência contra as mulheres em SP
- 28/05/2016 16h16
- São Paulo
Fernanda
Cruz - Repórter da Agência Brasil
A 14ª edição da Caminhada das
Lésbicas e Bissexuais tem como tema principal a violência contra lésbicas da
periferia. A concentração do ato começou hoje (28) às 14h no Largo do
Paissandu, no centro da capital paulista, e deve seguir em passeata até o Largo
do Arouche, também no centro, onde serão feitas atividades culturais.
“Muitas vezes, as meninas têm que
sair de seus bairros para vivenciar a sua vida afetiva aqui no centro, onde é
um pouco mais seguro. Acabam não vivendo suas vidas em seus próprios bairros”,
disse Cíntia Abreu, representante da Marcha Mundial de Mulheres e integrante da
organização do evento. Segundo ela, esse problema é invisível aos olhos da
sociedade.
Cintia disse que o ato é uma
homenagem também à morte de Luana Barbosa dos Reis, em abril deste ano, depois
de ter sido espancada pela Polícia Militar, no interior de São Paulo. “Ela foi
morta de uma forma extremamente violenta, todas nos poderíamos estar no lugar
dela. Ela era uma mulher negra, mãe”, disse.
Participaram da marcha movimentos
sociais, sindicais, partidários, estudantes, grupos de teatro e de cultura,
além de mulheres da periferia. Outro assunto lembrado por Cintia foi o estupro
praticado contra lésbicas. “O estupro corretivo é um método que usam contra as
lésbicas para fazer virar mulher, para virar hétero. Aqui já tivemos esses
fatos e não queremos tanto retrocesso”, lamenta.
Fabiana de Oliveira é feminista
integrante grupo Mulheres Perifa, do Grajaú, extremo sul da capital paulista.
“Sou atriz, negra, gorda e lésbica. E quando você é artista, existe um padrão,
mas quando você o quebra, você sofre, porque as pessoas desdenham, não
acreditam em você”, disse ela. “É importante a gente se fortalecer como LGBT,
temos que estar mais fortes do que antes.”
Cíntia Barnabé e sua esposa
Natália Cristina estão se preparando para se tornarem pastoras na Igreja
Cristã Contemporânea, que aceita o público homossexual. “A nossa Igreja
acredita que o lugar da mulher é onde ela quiser. Outras igrejas colocam a
mulher num lugar de inferiorização” disse.
“Temos um entendimento de que
somos uma Igreja para todos e o nosso fundamento é a família, tanto a
homoafetiva, como a heteronormativa. O próprio senhor Jesus não foi aceito por
todos” completou a futura pastora Cíntia.
Edição: Valéria
Aguiar
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