MEC ignora OAB e autoriza curso de tecnólogo em
Serviços Jurídicos
Com uma discreta publicação no Diário Oficial da
União, o Ministério da Educação homologou parecer do Conselho Nacional de
Educação (CNE) que aprovou o início das aulas do curso de tecnólogo em
Serviços Jurídicos em uma faculdade do Paraná. O despacho
do ministro Mendonça Filho não apresenta justificativa nem sequer cita o nome do curso.
Conforme revelou
reportagem da ConJur, a Câmara de Educação Superior, que integra o
CNE, aprovou em fevereiro pedido feito pela Faculdade de Paraíso do Norte
para abrir cem vagas anualmente. O início das aulas havia
sido negado em 2016, mas a instituição de ensino recorreu e ganhou. Ao receber o aval do
ministro, já pode dar início a sua primeira turma.
A aprovação ocorreu mesmo após críticas
do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Nesta quinta-feira (20/4),
a seccional paulista da OAB declarou que a decisão contraria propostas de
“combater o balcão de comercialização de diplomas” e será prejudicial aos
próprios alunos do curso, que serão formados para uma carreira não assegurada
em lei.
Já o Fórum das Entidades Representativas do
Ensino Superior Particular, composto por uma série de associações, sindicatos e
federações do setor, elogia a medida. “Nem toda formação no mundo jurídico
está sob a batuta do advogado, havendo diversas áreas cartoriais
administrativas, por exemplo, em que o profissional tecnólogo pode desempenhar
suas atividades”, afirma
em manifesto enviado
ao presidente Michel Temer.
O grupo afirma que, “considerando incompetência da
OAB para opinar ou intervir em processos regulatórios de cursos técnicos e
tecnólogos”, o Conselho Federal não tem “a palavra final” sobre o tema, pois
cabe ao CNE e outros órgãos do Ministério da Educação o poder de estabelecer
diretrizes educacionais em qualquer área do conhecimento humano.
Vagas
abertas
O tecnólogo pode se formar em dois anos e sai com diploma considerado de ensino superior. Segundo o conselheiro Joaquim José Soares Neto, relator do caso no CNE, preparar tecnólogos em Serviços Jurídicos não é o mesmo que diplomar bacharéis em Direito: a ideia é encaminhar ao mercado de trabalho pessoas aptas a auxiliar advogados, promotores e juízes, por exemplo.
O tecnólogo pode se formar em dois anos e sai com diploma considerado de ensino superior. Segundo o conselheiro Joaquim José Soares Neto, relator do caso no CNE, preparar tecnólogos em Serviços Jurídicos não é o mesmo que diplomar bacharéis em Direito: a ideia é encaminhar ao mercado de trabalho pessoas aptas a auxiliar advogados, promotores e juízes, por exemplo.
Pelo menos três instituições de ensino do país já
oferecem cursos de tecnologia em Serviços Jurídicos, na modalidade a
distância. O Centro Universitário Internacional (Uninter) oferece desde
2014 aulas de Gestão de Serviços Jurídicos e Notariais: a grade curricular
inclui legislação trabalhista, mediação e arbitragem, registro de imóveis e
competências do oficial de Justiça (1.800 horas).
O site anuncia: “O curso prepara você para um
excelente desempenho nas carreiras parajurídicas do poder judiciário, cartórios
judiciais e extrajudiciais, tabelionatos, escritórios de advocacia, esfera
policial, departamentos jurídicos e de recursos humanos de empresas, assessoria
parlamentar, ou como profissional autônomo. Bela carreira, com belas
possibilidades de ganhos”.
O Centro Universitário Claretiano (Ceuclar) começou
em janeiro as aulas para tecnólogo em Serviços Jurídicos e Notariais, focadas
na área de registro e na “sólida formação humanística”, de acordo com a
instituição. Serão cinco semestres, com a carga total de 1.900 horas.
No Centro Universitário Filadélfia (UniFil), as
disciplinas do curso de tecnologia em Serviços Jurídicos incluem Direito
Constitucional, Direito Penal, Direito Civil e Direito Tributário. O aluno
também se forma em cinco semestres.
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