Temer
acredita que novo governo vai manter Acordo de Paris
Presidente participa da Cúpula do G20, em Buenos
Aires
Publicado
em 30/11/2018 - 20:12
Por Jonas
Valente e redação da Agência Brasil Brasília
O presidente Michel Temer
reafirmou hoje (30), em Buenos Aires, o compromisso do Brasil com o Acordo
de Paris e disse acreditar que seu sucessor, Jair Bolsonaro, não romperá este
entendimento. "Evidentemente que essas questões são levantadas, mas depois
são equacionadas. Não vejo que não terão apoio [as questões climáticas e
ambientais] do novo governo", disse após reunião da Cúpula do G20.
Temer informou ainda que as
colocações do presidente da França, Emannuel Macron, questionando o compromisso
de Bolsonaro com o Acordo de Paris, não foram tratadas na reunião do G20.
"Apenas o presidente da França falou disso [fora da reunião], fazendo uma
relação com os possíveis acordos [do Mercosul] com a União Europeia, mas
não houve uma palavra aqui sobre isso" , disse. "Não creio que
haveria modificação da posição brasileira [no Acordo de Paris]",
enfatizou.
Em entrevistas, o presidente
francês, Emmanuel Macron, condicionou o avanço do acordo entre a a União
Europeia e Mercosul ao apoio do governo brasileiro ao Acordo Climático de
Paris. O presidente eleito Jair
Bolsonaro respondeu hoje que não fará acordos internacionais na área de meio
ambiente que prejudiquem o agronegócio.
Sobre a polêmica, Temer avaliou
que a nova gestão não deve ir neste caminho.“Eu tenho convicção, a partir de
conversas com o novo governo, que essas questões são levantadas e depois
equacionadas. Eu não vejo nenhuma atitude do novo governo detrimentosa para o
meio ambiente. Tenho impressão de que teses sobre meio ambiente terão
apoio”, afirmou em entrevista aos jornalistas.
O presidente aproveitou para
lembrar que quase dobrou as áreas de reservas e parques ambientais em seu
governo, destacando a ampliação da Chapada dos Veadeiros e a criação da reserva
marinha "do tamanho de uma França." Ele lamentou que o desmatamento
tenha crescido "no período eleitoral".
"Veja que conseguimos
reduzir o desmatamento em 2017, mas neste ano, no período eleitoral, houve
aumento", disse.
Michel Temer disse que entregou
aos membros dos Brics uma mensagem de Bolsonaro dizendo que ele
acolherá com alegria e apreço a próxima reunião do grupo, que ocorrerá no Brasil em 2019.
Chefes de Estado posam para foto oficial da Cúpula do G20, em
Buenos Aires - Cesar Itiberê/PR
Previdência e Indulto
Temer evitou responder às críticas
feitas por Bolsonaro à proposta de reforma da Previdência enviada pelo governo
à Câmara. "Não vi essa declaração [de que a reforma "mata
idosos" e é "agressiva com o trabalhador"]. "O que eu vejo
é que ninguém leu a nossa proposta de reforma, que é de uma suavidade
extraordinária; leva 20 anos para fazer a transição para a nova idade
mínima", disse. "Protegemos o trabalhador que aposenta
com salário mínimo, o trabalhador rural e quem depende de benefícios. Onde
há problema é no fim dos privilégios, nos salários iguais para setor público e
privado. Quem quiser maior aposentadoria, se aposentar com mais de R$ 30
mil, que pague a complementação, semelhante a uma capitalização",
afirmou.
O presidente também comentou o
resultado favorável, por 6 votos a 2, do julgamento do Supremo Tribunal Federal
(STF) ao indulto de Natal assinado por ele em 2017. "O STF disse
que o Temer acertou juridicamente, então não estou arrependido; estou
constitucionalmente correto. Mas não comentei essa questão nem quando o indulto
foi suspenso. Se o STF mandasse fazer diferente é claro que eu seguiria",
afirmou.
Automação do trabalho
Michel Temer afirmou
ainda que os efeitos da automação sobre os empregos foi uma das
preocupações centrais nas discussões dos líderes mundiais no G20.
A perda de empregos em razão da
automação e da introdução de novas tecnologias é um tema antigo, mas tem
ganhado mais atenção recentemente. Embora haja divergências quanto ao número de
postos perdidos e se há apenas extinção de postos ou substituição com a
criação de novos setores, dados de estudos de organismos internacionais, como o
Fórum Econômico Mundial e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), vêm mostrando que inovações têm gerado como consequência o
fechamento de vagas em diversos segmentos, como nas plantas produtivas de
indústrias ou nas vendas e serviços.
Segundo Temer, uma das
estratégias para lidar com esse desafio é o aprofundamento das relações
políticas e comerciais entre as nações. “A tese prevalecente nesta cúpula foi a
do multilateralismo, e não isolacionismo. O mundo vive tensões tendo em vista
que alguns sustentam algum isolacionismo. A mensagem é para abertura integral
como temos feito em nosso país e a concorrência de todos para o bem-estar de
todos os povos”, disse.
O presidente citou medidas
adotadas por sua gestão no tema. Uma delas foi a reforma trabalhista, que
segundo ele, flexibilizou as regras para buscar “aprimorar as
relações trabalhistas, sem perda de direitos”. Outra foi a reforma do ensino médio,
que teve como propósito garantir que as pessoas “se adequassem às novas
tecnologias” e estivessem “mais apuradas para ter empregos nesta
área”.
Outra iniciativa mencionada pelo
presidente foi o Programa Internet para Todos, que se apoia em um satélite para
provimento de conexão a áreas e instituições sem conexão hoje, como
escolas. “O satélite que está permitindo que a gente leve a banda larga a todo
Brasil”, comentou Temer.
Brics
O presidente também avaliou
positivamente a reunião dos Bric – grupo que reúne Brasil, China, Rússia,
Índia e África do Sul. “Reiteramos na reunião mais uma vez uma aliança muito
sólida entre os países do Brics, especialmente tendo em vista o novo banco de
desenvolvimento, que terá escritório em São Paulo, com filial em Brasília."
Saiba mais
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Edição: Carolina
Pimentel
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